Só a Imigração pode garantir o futuro das nossas pensões!
O sistema de pensões português é caracterizado por um paradoxo que se pode vir a tornar catastrófico se não conseguirmos inverter a tendência de envelhecimento da população exposta na nossa pirâmide etária. As pensões são financiadas pelos descontos da população ativa em cada momento o que associado ao envelhecimento vai fazer implodir o sistema.
Para aqueles que ainda acham que quando estão a fazer descontos para a segurança social estão a poupar para a sua reforma, é bom que acordem rapidamente e percebam que, com a tendência atual de envelhecimento e fuga de Portugal dos jovens mais competentes, não só vão ter de trabalhar até mais tarde, como correm o sério risco de chegar à velhice com uma pensão bastante abaixo do salário que recebem atualmente (sabendo nós que mesmo esse não é lá grande coisa para os padrões europeus).
Para ilustrar melhor esta tendência deixo de seguida a pirâmide etária portuguesa.
Pirâmide Etária de Portugal em 2019
Fonte: https://www.populationpyramid.net/
Como podem observar o grosso da população portuguesa tem entre 35 a 64 anos, notando-se que existem cada vez menos jovens. Em Portugal já existem mais pessoas com idade entre os 70–74 anos do que crianças entre os 5–9 anos!
Posto isto, nas 2 próximas décadas com a entrada progressiva do grosso da população na reforma, o rácio de pessoas em idade ativa vs reformados vai sofrer uma forte deterioração, o que vai exigir que a população ativa tenha de contribuir cada vez mais para pagar as pensões dos mais velhos, fazendo com que a pressão fiscal/contributiva que recai sobre os mais jovens funcione como um cada vez mais claro incentivo à emigração. Ou seja, se nada for feito em 20 anos Portugal será um país de velhos e com reformas pouco mais que de miséria!
A resposta natural de um povo a este cada vez mais real flagelo seria incentivar fortemente uma política de apoio à natalidade, mas tendo em conta a cegueira de quem nos governa (que é também a nossa cegueira, porque os governos são fruto do voto ou inação dos povos) e a cada vez maior propensão para os jovens terem menos filhos (quer seja por incapacidade económica ou opção pessoal), estamos condenados a promover uma política ativa de atração de imigrantes, se pretendermos ter uma velhice com alguma qualidade de vida.
Mas como vamos ser capazes de atrair jovens se nem os nascidos em Portugal somos capazes de reter? Precisamos de incentivos fiscais e uma política de promoção das nossas mais-valias (clima e segurança, principalmente), uma mistura de liberdade económica com capacidade de marketing, que permita atrair jovens qualificados e não só, alicerçada num sistema de educação que garanta a possibilidade de mobilidade social para os filhos dos imigrantes. Para grande parte da população mundial nenhuma política de marketing será melhor que a promessa de segurança e oportunidades para os seus filhos!
Mas como resolvemos os possíveis problemas de choques culturais, que assolam alguns dos países que receberam mais imigração a nível europeu? Temos de aprender com as suas experiências, utilizando o sistema de ensino como forma de integração, evitando querer impor a nossa cultura à dos “novos portugueses”, mas garantindo a defesa de um conjunto de padrões básicos do estilo de vida ocidental, como são o caso da igualdade de género e proteção de minorias, garantindo a promoção de uma política de promoção de liberdade social.
Por outro lado, como vamos vender esta ideia a uma Europa cada vez mais preconceituosa contra os imigrantes? Demonstrando que muita da estagnação económica europeia se deve à ausência de população jovem em muitos países, dos quais Portugal, Espanha e Itália são um bom exemplo.
Resumidamente, só a fuga aos extremos pode garantir o futuro do nosso sistema de pensões, promovendo simultaneamente:
- A liberdade económica, que tem vindo a ser censurada pela esquerda, como forma de garantir que existem indivíduos a querer/conseguir viver em Portugal e cá realizar os seus projetos de vida;
- A liberdade social, tão odiada pela direita, como forma de garantir capacidade de atração de pessoas jovens para inverter a cada vez mais perigosa pirâmide etária portuguesa.
Não é um tema fácil de resolver, mas ou adotamos uma política moderada de apoio à imigração ou depois não venham daqui a 20 anos queixar-se das reformas que auferem e que sentem falta do contacto físico com os vossos filhos/netos que foram emigrando porque não conseguem aguentar o sistema fiscal/contributivo do país.